terça-feira, 25 de junho de 2013

E jogaram Mentos na Geração Coca-Cola



Morangos... Pimentas...
Faz tempo que eu não posto aqui e, depois de uma conversa com o grupo, as coisas mudaram e vou passar a postar para vocês segunda-feira e domingo. Para iniciar essa nova fase do MP, uma postagem que vai acabar saindo um pouco grande, porém é de extrema importância tendo em vista a realidade histórica a qual nos encontramos nesses dias.
Peço, por favor, que leiam com atenção, e não tomem como certo o dito aqui. Explicarei da forma mais informal que encontrei, palavras de alguém que está dentro do furacão que está passando pelo país, porque sim, eu sou uma das pessoas que vai pra rua gritar pelo nosso país. Então, leiam e tirem daqui aquilo que acharem válido levar com vocês. Espero que o texto redigido abaixo o ajude a forma sua opinião, a entender o que acontece com o país e te faça querer vir, como nós do MP, pra rua.
E então, alguém jogou mentos na geração Coca-Cola de Renato Russo, e numa explosão sem avisos, estamos vendo nossas crianças caminharem em direção à derrubada de reis, com gritos de guerra, de ordem, de paz.  Bandeiras enroladas no corpo como um manto sagrado, balançando ao vento, amarradas na cabeça. As faces pintadas, ocultas, semi ocultas, limpas. Camisas brancas, pretas, verdes, amarelas. Cartazes, placas, adesivos, qualquer tipo de papel rabiscado com ironias, sarcasmos e, acima de tudo, verdades.
O nosso mentos, a gota de água que fez transbordar um copo que não transbordava há 21 anos desde o Impeachment do então presidente Fernando Collor de Melo, foi o “reles” aumento da passagem de ônibus paulistana, de R$3,00 para R$3,20. Pois bem, 20 centavos, o preço de um pirulito na padaria da esquina, um bubbaloo azul e uma balinha de morango de 5 centavos no tio que fica na frente da escola com o carrinho de doces. Simples 20 centavos. Será mesmo?
A revolta pelos 20 centavos a mais na passagem não durou muito mais que um dia, o grupo massacrado pelas forças excessivas da polícia deu aos olhos dos outros a luz, a força, que faltava para virar a mesa em cima do governo corrupto e egoísta que temos. E então, foi-se para a rua não por 20 centavos, mas por tudo. Pelo direito de ir e vir, afinal, como diabos nos querem reprimir o direito nato de protestar nas ruas? Pela corrupção nem um pouco camuflada. Pela super faturação da Copa do Mundo. Pela PEC 37, ou a PEC da impunidade, que impossibilita, em palavras duras, que a corrupção de nossos parlamentares seja investigada pelos Órgãos de Justiça. A cura gay. A péssima qualidade nos serviços de saúde, transporte e educação. A infraestrutura miserável das nossas cidades. O salário ridículo dado aos nosso professores, policais, bombeiros e médicos, enquanto nossos políticos esbanjam aquilo que é de direito do povo. É tanta coisa sendo protestada, que eu poderia facilmente fazer um post apenas ditando estes tópicos, e ainda faltaria coisa.
Sendo assim, o brasileiro fez o que melhor sabe fazer, reclamar. Mas, não reclamar sentado na frente do sofá, coçando o saco e engordurando os dedos com condimentos alaranjados. Foi reclamar nas ruas, foi gritar para se fazer ouvir, berras aos quatro ventos que esse país é injusto, e que não somos cegos, apenas preguiçosos, mas que a preguiça já passou. Em resposta, fomos massacrados. Sim, massacrados. O feito pela polícia, primeiro em São Paulo na quinta-feira dia 13, e que continua sendo repetido Brasil afora desde então, é simplesmente um massacre. Como se combate bombas de gás lacrimogêneo, spray de pimenta, bala de borracha, bomba de efeito moral, com paus e pedras? Fomos, e continuamos sendo até a presente data, massacrados pelas táticas e treinamento deles.
Porém, vejam bem, eu não estou aqui defendendo a conduta de certas pessoas que se dizem manifestantes, mas estão indo para a rua com uma única intenção: Fazer merda. Sim, existem pessoas infiltradas no movimento, pessoas ligadas a partidos políticos (falarei deles mais a frente), que estão lá apenas para incitar a desordem. Mas, cabe a esta parte infiltrada, eu arrisco dizer, 20% da parte dos vândalos. Eu estive lá, na rua, do lado de pessoas que  conversavam sobre terem vindo chutar lixeiras, tacar pedra em vidro, destruir tal agência bancária porque estava devendo. Um simples ato de vingança. Que destoa do movimento pacífico que a grande maioria da população que tem ido para a rua tem intenção de fazer.
Não se pode condenar a safra por um único grão carcomido por vermes. Do mesmo modo que não se pode condenar os manifestantes pelos vândalos, não podemos, também, condenar os policiais como um todo. Eles obedecem, sim, a ordens. Claro, todos somos dotados do livre arbítrio de poder recusar uma ordem, como um policial fez em São Paulo e teve que entregar a arma e ir embora. Mas, veja bem, como recusar uma ordem que lhe garante o emprego quando você tem dois filhos pequenos em casa que precisam de comida, roupas e uma casa? Nossos policiais ganham uma miséria, e tem que se manter com isto, e nossa luta nas ruas é por eles também, porque eles são parte do povo, e estão sendo colocados contra nós. Não estou dizendo que são todos assim, existem SIM aqueles que estão lá para machucar, que vão na sina de fazer mal, porque queriam estar brigando contra bandidos e são colocados contra simples manifestantes, então resolvem agir como se eles fossem bandidos. É necessário saber separar.
Agora, vamos a mais uma das muitas partes polêmicas das manifestações, a participação dos partidos políticos. Eu leio e escuto muita gente falando que o pedido de não ter partido feito pelo povo é algo fascista, ou de extrema esquerda, ou antidemocrático. Porém, nenhuma dessas pessoas sabia realmente sobre o que estava opinando. Os “grandes antropólogos”, sejam estes de Universidades ou de sofá, não conseguem entender a simplicidade deste pedido. Não é nenhuma revolta antidemocrática de uma população alienada, é o simples fato de que não há, hoje em dia, um partido que defenda os interesses do povo. Não, não há um partido que represente o povo, e é por isso que pedimos, entoamos em alto e bom som, que sejam baixadas as bandeiras. É, numa leitura romântica do que está acontecendo, uma batalha Povo contra Governo. Contra TODO o governo, contra seus partidos, independente do partido que for. Nos enrolamos em bandeiras, cantamos nosso hino a plenos pulmões e exigimos a baixa das bandeiras de partidos porque estamos defendendo o Brasil, o NOSSO Brasil, destes partidos com políticos desonestos que jamais lutam em favor do povo, mas sim em mérito próprio. Não somos contra a democracia, de forma alguma, somos contra as maçãs podres que os partidos atuais são, e queremos SIM, chutá-los da árvore, o mais longe que conseguirmos.
Eu tive um professor história, no meu primeiro ano do ensino médio, que nos disse que “ um político é uma pessoa que trabalha com ética, e que nossos políticos nada mais são do que falsos políticos, porque desconhecem a ética.”. Nunca ouvi uma definição melhor para aquilo que temos no poder. Falsos políticos, que prestam atenção apenas no próprio mundo, que só querem o próprio bem, e não ligam para a população, para suas necessidades. Nós não temos políticos, e estamos lutando justamente para tê-los.
E dessa luta, acredito eu, é dever de todo brasileiro participar. Não, você não tem o direito de reclamar do estado do país se não faz nada para mudar. Não estou falando de levantar a bunda do sofá e ir pra rua, embora isso seja de extrema importância para mover o país, mas eu entendo que tenha gente que não pode ( os menor de 18 anos, adoecidos, etc) e não condeno aqueles que não vão por medo, porque estamos sim às portas de uma guerra civil. Porém, façam aquilo que tanto se condenou um tempo atrás, a chamada “militância de sofá”. Sim, as redes sociais são extremamente importantes, tudo está se formando nelas, passem as informações adiante, e nos apoiem. Porque nada é melhor do que chegar em casa depois de hora na rua gritando pela mudança do país, e ver o apoio das pessoas nas redes sociais. Nós, que estamos na rua, lutamos não só pelo nosso próprio futuro, mas pelo futuro de cada habitante desse país. É um por todos e todos por um.
Bem, eram essas as coisas que eu queria justificar, mais para frente farei uma postagem com os tópicos apresentados tanto pelos manifestantes quanto pelo governo, as soluções que dizem ser tomadas e tudo o mais. Ainda está muito em cima para que eu fale realmente sobre isso, não quero postar algo que rapidamente se torne inválido ou ultrapassado. Então, o compilado de revindicações e soluções eu posto mais para frente. Espero que esta postagem tenha sanado algumas dúvidas de vocês, caso haja algo que ainda não tenha ficado esclarecido, por favor, mande um comentário que tratarei de fazer o possível para esclarecer sua dúvida.
No mais, como disse Leoni, deixa a esperança e entra na dança, que as coisas não caem do céu. Vem pra rua, vem gritar, descabelar, pular, correr, sofrer, viver a história, fazer a história. Vem ter o que contar pros seus filhos daqui 30 anos, poder bater no peito e dizer que estava ali, naquela multidão, brigando pelos direitos do seu país, da sua população. Somos os filhos da revolução, e derrubaremos reis porque somos o futuro da Nação. Porque tacaram mentos na Geração Coca-Cola, muito mentos, e não pararemos de explodir.
Um beijo verde amarelo em cada um de vocês.


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