Morangos... Pimentas...
Faz tempo que eu não posto aqui e, depois de uma conversa
com o grupo, as coisas mudaram e vou passar a postar para vocês segunda-feira e
domingo. Para iniciar essa nova fase do MP, uma postagem que vai acabar saindo
um pouco grande, porém é de extrema importância tendo em vista a realidade
histórica a qual nos encontramos nesses dias.
Peço, por favor, que leiam com atenção, e não tomem como
certo o dito aqui. Explicarei da forma mais informal que encontrei, palavras de alguém que está dentro do furacão que está passando pelo país,
porque sim, eu sou uma das pessoas que vai pra rua gritar pelo nosso país.
Então, leiam e tirem daqui aquilo que acharem válido levar com vocês. Espero
que o texto redigido abaixo o ajude a forma sua opinião, a entender o que
acontece com o país e te faça querer vir, como nós do MP, pra rua.
E então, alguém jogou mentos na geração Coca-Cola de Renato
Russo, e numa explosão sem avisos, estamos vendo nossas crianças caminharem em
direção à derrubada de reis, com gritos de guerra, de ordem, de paz. Bandeiras enroladas no corpo como um manto
sagrado, balançando ao vento, amarradas na cabeça. As faces pintadas, ocultas,
semi ocultas, limpas. Camisas brancas, pretas, verdes, amarelas. Cartazes,
placas, adesivos, qualquer tipo de papel rabiscado com ironias, sarcasmos e,
acima de tudo, verdades.
O nosso mentos, a gota de água que fez transbordar um copo
que não transbordava há 21 anos desde o Impeachment do então presidente
Fernando Collor de Melo, foi o “reles” aumento da passagem de ônibus
paulistana, de R$3,00 para R$3,20. Pois bem, 20 centavos, o preço de um
pirulito na padaria da esquina, um bubbaloo azul e uma balinha de morango de 5
centavos no tio que fica na frente da escola com o carrinho de doces. Simples
20 centavos. Será mesmo?
A revolta pelos 20 centavos a mais na passagem não durou
muito mais que um dia, o grupo massacrado pelas forças excessivas da polícia
deu aos olhos dos outros a luz, a força, que faltava para virar a mesa em cima
do governo corrupto e egoísta que temos. E então, foi-se para a rua não por 20
centavos, mas por tudo. Pelo direito de ir e vir, afinal, como diabos nos
querem reprimir o direito nato de protestar nas ruas? Pela corrupção nem um
pouco camuflada. Pela super faturação da Copa do Mundo. Pela PEC 37, ou a PEC
da impunidade, que impossibilita, em palavras duras, que a corrupção de nossos
parlamentares seja investigada pelos Órgãos de Justiça. A cura gay. A péssima
qualidade nos serviços de saúde, transporte e educação. A infraestrutura
miserável das nossas cidades. O salário ridículo dado aos nosso professores,
policais, bombeiros e médicos, enquanto nossos políticos esbanjam aquilo que é
de direito do povo. É tanta coisa sendo protestada, que eu poderia facilmente
fazer um post apenas ditando estes tópicos, e ainda faltaria coisa.
Sendo assim, o brasileiro fez o que melhor sabe fazer,
reclamar. Mas, não reclamar sentado na frente do sofá, coçando o saco e
engordurando os dedos com condimentos alaranjados. Foi reclamar nas ruas, foi
gritar para se fazer ouvir, berras aos quatro ventos que esse país é injusto, e
que não somos cegos, apenas preguiçosos, mas que a preguiça já passou. Em
resposta, fomos massacrados. Sim, massacrados. O feito pela polícia, primeiro
em São Paulo na quinta-feira dia 13, e que continua sendo repetido Brasil afora
desde então, é simplesmente um massacre. Como se combate bombas de gás
lacrimogêneo, spray de pimenta, bala de borracha, bomba de efeito moral, com
paus e pedras? Fomos, e continuamos sendo até a presente data, massacrados
pelas táticas e treinamento deles.
Porém, vejam bem, eu não estou aqui defendendo a conduta de
certas pessoas que se dizem manifestantes, mas estão indo para a rua com uma
única intenção: Fazer merda. Sim, existem pessoas infiltradas no movimento,
pessoas ligadas a partidos políticos (falarei deles mais a frente), que estão
lá apenas para incitar a desordem. Mas, cabe a esta parte infiltrada, eu
arrisco dizer, 20% da parte dos vândalos. Eu estive lá, na rua, do lado de
pessoas que conversavam sobre terem
vindo chutar lixeiras, tacar pedra em vidro, destruir tal agência bancária
porque estava devendo. Um simples ato de vingança. Que destoa do movimento
pacífico que a grande maioria da população que tem ido para a rua tem intenção
de fazer.
Não se pode condenar a safra por um único grão carcomido por
vermes. Do mesmo modo que não se pode condenar os manifestantes pelos vândalos,
não podemos, também, condenar os policiais como um todo. Eles obedecem, sim, a
ordens. Claro, todos somos dotados do livre arbítrio de poder recusar uma
ordem, como um policial fez em São Paulo e teve que entregar a arma e ir
embora. Mas, veja bem, como recusar uma ordem que lhe garante o emprego quando
você tem dois filhos pequenos em casa que precisam de comida, roupas e uma
casa? Nossos policiais ganham uma miséria, e tem que se manter com isto, e
nossa luta nas ruas é por eles também, porque eles são parte do povo, e estão
sendo colocados contra nós. Não estou dizendo que são todos assim, existem SIM
aqueles que estão lá para machucar, que vão na sina de fazer mal, porque
queriam estar brigando contra bandidos e são colocados contra simples
manifestantes, então resolvem agir como se eles fossem bandidos. É necessário
saber separar.
Agora, vamos a mais uma das muitas partes polêmicas das
manifestações, a participação dos partidos políticos. Eu leio e escuto muita
gente falando que o pedido de não ter partido feito pelo povo é algo fascista,
ou de extrema esquerda, ou antidemocrático. Porém, nenhuma dessas pessoas sabia
realmente sobre o que estava opinando. Os “grandes antropólogos”, sejam estes
de Universidades ou de sofá, não conseguem entender a simplicidade deste
pedido. Não é nenhuma revolta antidemocrática de uma população alienada, é o
simples fato de que não há, hoje em dia, um partido que defenda os interesses
do povo. Não, não há um partido que represente o povo, e é por isso que
pedimos, entoamos em alto e bom som, que sejam baixadas as bandeiras. É, numa
leitura romântica do que está acontecendo, uma batalha Povo contra Governo.
Contra TODO o governo, contra seus partidos, independente do partido que for.
Nos enrolamos em bandeiras, cantamos nosso hino a plenos pulmões e exigimos a
baixa das bandeiras de partidos porque estamos defendendo o Brasil, o NOSSO
Brasil, destes partidos com políticos desonestos que jamais lutam em favor do
povo, mas sim em mérito próprio. Não somos contra a democracia, de forma
alguma, somos contra as maçãs podres que os partidos atuais são, e queremos
SIM, chutá-los da árvore, o mais longe que conseguirmos.
Eu tive um professor história, no meu primeiro ano do ensino
médio, que nos disse que “ um político é uma pessoa que trabalha com ética, e
que nossos políticos nada mais são do que falsos políticos, porque desconhecem
a ética.”. Nunca ouvi uma definição melhor para aquilo que temos no poder.
Falsos políticos, que prestam atenção apenas no próprio mundo, que só querem o
próprio bem, e não ligam para a população, para suas necessidades. Nós não
temos políticos, e estamos lutando justamente para tê-los.
E dessa luta, acredito eu, é dever de todo brasileiro
participar. Não, você não tem o direito de reclamar do estado do país se não
faz nada para mudar. Não estou falando de levantar a bunda do sofá e ir pra
rua, embora isso seja de extrema importância para mover o país, mas eu entendo
que tenha gente que não pode ( os menor de 18 anos, adoecidos, etc) e não
condeno aqueles que não vão por medo, porque estamos sim às portas de uma
guerra civil. Porém, façam aquilo que tanto se condenou um tempo atrás, a
chamada “militância de sofá”. Sim, as redes sociais são extremamente
importantes, tudo está se formando nelas, passem as informações adiante, e nos
apoiem. Porque nada é melhor do que chegar em casa depois de hora na rua
gritando pela mudança do país, e ver o apoio das pessoas nas redes sociais.
Nós, que estamos na rua, lutamos não só pelo nosso próprio futuro, mas pelo
futuro de cada habitante desse país. É um por todos e todos por um.
Bem, eram essas as coisas que eu queria justificar, mais
para frente farei uma postagem com os tópicos apresentados tanto pelos
manifestantes quanto pelo governo, as soluções que dizem ser tomadas e tudo o
mais. Ainda está muito em cima para que eu fale realmente sobre isso, não quero
postar algo que rapidamente se torne inválido ou ultrapassado. Então, o
compilado de revindicações e soluções eu posto mais para frente. Espero que
esta postagem tenha sanado algumas dúvidas de vocês, caso haja algo que ainda
não tenha ficado esclarecido, por favor, mande um comentário que tratarei de
fazer o possível para esclarecer sua dúvida.
No mais, como disse Leoni, deixa a esperança e entra na
dança, que as coisas não caem do céu. Vem pra rua, vem gritar, descabelar,
pular, correr, sofrer, viver a história, fazer a história. Vem ter o que contar
pros seus filhos daqui 30 anos, poder bater no peito e dizer que estava ali,
naquela multidão, brigando pelos direitos do seu país, da sua população. Somos
os filhos da revolução, e derrubaremos reis porque somos o futuro da Nação.
Porque tacaram mentos na Geração Coca-Cola, muito mentos, e não pararemos de
explodir.
Um beijo verde amarelo em cada um de vocês.
~Shiro~
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